Olá
leitores e Leitoras, hoje resolvi fazer
um Post sobre alguns dos meus poemas Favoritos! Espero que vocês gostem e me
digam nos comentários "Qual poema que você mais gosta??"
Cecília Meireles
Pus
o meu sonho num navio
e
o navio em cima do mar;
-
depois, abri o mar com as mãos,
para
o meu sonho naufragar
Minhas
mãos ainda estão molhadas
do
azul das ondas entreabertas,
e
a cor que escorre de meus dedos
colore
as areias desertas.
O
vento vem vindo de longe,
a
noite se curva de frio;
debaixo
da água vai morrendo
meu
sonho, dentro de um navio...
Chorarei
quanto for preciso,
para
fazer com que o mar cresça,
e
o meu navio chegue ao fundo
e
o meu sonho desapareça.
Depois,
tudo estará perfeito;
praia
lisa, águas ordenadas,
meus
olhos secos como pedras
e
as minhas duas mãos quebradas.
Soneto de Fidelidade - Vinicius de
Moraes
De
tudo, ao meu amor serei atento
Antes,
e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que
mesmo em face do maior encanto
Dele
se encante mais meu pensamento.
Quero
vivê-lo em cada vão momento
E
em seu louvor hei de espalhar meu canto
E
rir meu riso e derramar meu pranto
Ao
seu pesar ou seu contentamento.
E
assim, quando mais tarde me procure
Quem
sabe a morte, angústia de quem vive
Quem
sabe a solidão, fim de quem ama
Eu
possa me dizer do amor (que tive):
Que
não seja imortal, posto que é chama
Mas
que seja infinito enquanto dure.
Soneto 17 - William Shakespeare
Se
te comparo a um dia de verão
És
por certo mais belo e mais ameno
O
vento espalha as folhas pelo chão
E
o tempo do verão é bem pequeno.
Ás
vezes brilha o Sol em demasia
Outras
vezes desmaia com frieza;
O
que é belo declina num só dia,
Na
terna mutação da natureza.
Mas
em ti o verão será eterno,
E
a beleza que tens não perderás;
Nem
chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas
linhas com o tempo crescerás.
E
enquanto nesta terra houver um ser,
Meus
versos vivos te farão viver.
Pássaro - Cecília Meireles
Aquilo
que ontem cantava
já
não canta.
Morreu
de uma flor na boca:
não
do espinho na garganta.
Ele
amava a água sem sede,
e,
em verdade,
tendo
asas, fitava o tempo,
livre
de necessidade.
Não
foi desejo ou imprudência:
não
foi nada.
E
o dia toca em silêncio
a
desventura causada.
Se
acaso isso é desventura:
ir-se
a vida
sobre
uma rosa tão bela,
por
uma tênue ferida.
Abraços!
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